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      2018/12/14
      E6
      “Joga Bonito” é uma coluna de opinião de um treinador-jornalista que acredita ser possível apresentar um futebol bem mais atractivo, apaixonante e entusiasmante do que aquele que se vê habitualmente em Portugal. E pasme-se, com o mesmo objectivo presente na cabeça de todos os treinadores, adeptos e restantes agentes desportivos nacionais: ganhar!

      O futebol português precisa de Castro, Valente e Keizer. De Luís Castro, Fernando Valente e Marcel Keizer, neste caso. Pelas pessoas que são (como diria o Professor Manuel Sérgio, “é o Homem que se é que triunfa no treinador que se pode vir a ser”), pelas ideias que transportam dentro deles e pela forma como transmitem e executam essas mesmas ideias com os jogadores que têm à sua disposição.

      Tudo começa com uma ideia. É uma convicção pessoal que cada vez mais ganha sentido. Tudo começa com uma ideia. Futebolisticamente falando, tudo começa com uma ideia de jogo: como jogar, com que princípios, com que sub-princípios, com que sistema táctico, com que jogadores, tudo isto somado a mais uma infinidade de factores que, a posteriori, irão dar corpo e alma ao Modelo de Jogo.

      E ainda que todas as ideias sejam válidas e passíveis de serem concretizadas, a verdade é que há ideias que nos apaixonam, que nos fazem sentir coisas que vão muito para além da alegria de vermos a bola aninhar-se no fundo das redes. Sejamos sinceros: todos os golos são bonitos, mas há golos que transportam consigo muito mais do que a beleza de um remate em arco ao ângulo ou um pontapé de bicicleta espontâneo após uma bola “bombeada” para a área.

      Esses são os golos que transportam as ideias por detrás do remate final. São os golos que simbolizam um Modelo de Jogo. São o porta-estandarte de algo idealizado, maturado e trabalhado para ser muito mais do que apenas o produto final.

      Como aqueles que marcam e têm marcado o Vitória Sport Clube, orientado por Luís Castro, e o Sporting Clube de Portugal, agora sob a batuta de Marcel Keizer. Como aqueles que irá marcar, certamente,  o Varzim Sport Clube sob o comando de Fernando Valente, num regresso que merece um forte aplauso para quem decidiu apostar no treinador que tão bom futebol ajudou a desenvolver no Sporting de Espinho, no Desportivo das Aves e no Santa Clara.

      Em todos estes casos, o golo encerra em si muito mais do que o gesto técnico que o antecede. É possível descortinarmos uma ou várias ideias associadas ao mesmo. Dificilmente veremos um golo nascido de uma “carambola”, embora isso possa acontecer, mas é muito mais provável vermos uma jogada de envolvimento entre vários jogadores, uma saída rápida para o ataque com recurso a pequenos movimentos de aproximação e rápidas triangulações  ou um contra-ataque letal lançado após um passe vertical de ruptura (como no lance do 4-1 da autoria de Diaby frente ao Desportivo das Aves, solicitado com mestria por Bruno Fernandes).                                                                            

      É disso que o futebol português precisa. De ideias. De boas ideias. De ideias diferentes daquelas que nos levam, semana após semana, a debater mais sobre o VAR do que sobre a saída de bola desde o guarda-redes e que passou por nove jogadores diferentes ao longo de um minuto e meio de posse de bola até ao momento do golo. De ideias diferentes daquelas que nos levam a pensar que se a Sul existem terras de machos, imagine-se a Norte, onde alguns parecem mais talhados para o wrestling do que para o desporto-rei.

      Não se admirem, portanto, que a Liga NOS tenha tão pouco tempo útil de jogo. Não poderia ser de outra forma porque as ideias (infelizmente ainda) predominantes não preconizam a qualidade de jogo. Existe apenas e só a preocupação com o resultado final. Com o não deixar o outro jogar. Com o justificar-se através de orçamentos, calendários, árbitros, etc. Com o não assumir-se como culpados ou parte real e integrante do problema.

      E enquanto assim for, semana após semana, lá estamos nós a bocejar enquanto vemos um jogo da Liga NOS, a adormecer a meio de outro, a procurar um jogo da Liga Inglesa para ver ou, pura e simplesmente, a mudar de canal...

      O futebol português precisa de Castro, Valente e Keizer. De Luís Castro, de Fernando Valente e de Marcel Keizer. Pelas ideias que defendem, pela lufada de ar fresco que representam e por ousarem não se deixar levar pela mediania existente à sua volta.                                                                                                                                 



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