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      A preto e branco
      Luís Cirilo Carvalho
      2018/05/01
      E0
      "A Preto e Branco” é uma coluna de opinião que procurará reflectir sobre o futebol português em todas as suas vertentes, de uma forma frontal e sem tibiezas nem equívocos, traduzindo o pensamento em liberdade do seu autor sobre todas as questões que se proponha abordar.
      Com os campeonatos nacionais a encaminharem-se para os seus desfechos, quer em termos
      de campeões e apurados para as competições europeias quer nos habituais dramas das
      descidas,torna-se interessante olhar para tendências que se vem confirmando e que em si
      encerram alguns perigos para o futebol.
      Consideremos alguns dos principais campeonatos europeus como são os casos de Inglaterra,
      Espanha, França,Itália, Alemanha, Portugal, Suíça, Holanda, Grécia e Escócia.
      E olhando para esses campeonatos o que vemos?
      Em Inglaterra o Manchester City, que antigamente não era nem de perto nem de longe
      candidato de primeira linha ao titulo, venceu com facilidade deixando o outro Manchester,
      esse sim um candidato habitual, a larga distância bem como Liverpool e Tottenham enquanto
      Arsenal e Chelsea nem para esse campeonato contaram esta época.
      Na Alemanha o Bayern acaba de conquistar o sexto titulo consecutivo, e décimo quarto nos
      últimos vinte anos, o que traduz uma superioridade impressionante sobre a concorrência e
      torna o campeonato alemão num verdadeiro passeio para os bávaros.
      Vale, apesar de tudo, que os outros campeões foram o Borússia Dortmund (três vezes), o
      Werder Bremen,Estugarda e Wolfsburgo uma vez cada, o que demonstra a existência de
      alguma diversidade apesar do sufoco imposto pelo Bayern.
      Em Itália, onde o campeão ainda não está definido mas tudo indica que a Juventus alcançará o
      seu sétimo titulo consecutivo (!!!), existe um claro domínio da equipa de Turim que assenta no
      valor próprio ,como é evidente, mas também num cada vez mais longo “apagão” de Inter e
      Milan cada vez mais arredados da luta pelo “scudetto”.
      Luta essa que tem ficado para o Nápoles, que falha nos momentos decisivos como ainda agora
      se viu indo ganhar a casa da Juventus mas logo a seguir perdendo em Florença, e para a Roma
      que nunca conseguiu verdadeiramente ameaçar o domínio da “Velha Senhora”.
      Em Espanha o panorama não é muito diferente.
      O Barcelona acaba de ganhar o sétimo campeonato em dez anos deixando a grande distância o
      Atlético de Madrid e o Real Madrid, garantindo essa conquista a cinco jornadas do fim (o que
      nunca tinha acontecido) e não tendo ainda sido derrotado na presente edição da prova.
      Para Real Madrid ficaram dois títulos e para o Atlético de Madrid um o que demonstra que o
      campeonato de Espanha (que ironia...) é cada vez mais um passeio dos catalães do Barcelona.
      Em França o PSG venceu facilmente o seu quinto titulo nos ultímos seis anos, intervalado
      apenas pela vitória do Mónaco de Leonardo Jardim na época transacta, o que demonstra bem
      uma hegemonia que começa a impor-se e sustentada ,como no caso do Manchester City, pelos
      tais milhões que repentinamente vão aparecendo no futebol sem origem bem definida.
      O campeonato da Escócia é, desde sempre, algo de sui generis.
      Há mais de trinta anos que o titulo é dividido entre Celtic e Glasgow Rangers ( o último a fugir
      a essa lógica foi o Aberdeen em 1984/1985) que são as duas grandes potências do futebol
      escocês.
      O Celtic acaba de conquistar o seu sétimo titulo consecutivo (os três anteriores tinham ido
      para o Rangers) muito por força dos problemas financeiros que afectaram o Rangers e levaram
      à sua despromoção para os escalões inferiores, de que já regressou, deixando caminho livre
      aos grandes rivais.
       
      Mesmo que o Rangers recupere a pujança característica a liga escocesa continuará a ser um
      campeonato a dois.
      Na Holanda o panorama é mais “arejado”.
      PSV e Ajax são os grande ganhadores mas Feyenoord, Twente e Alkmaar também venceram
      títulos nos últimos dez anos o que mostra alguma diversidade embora sem esconder o
      predomínio dos dois clubes referidos.
      Na Grécia o campeonato tem sido uma quase coutada do Olimpyakos que venceu dez dos
      últimos doze restando um para o Panathinaikos e outro para o AEK que venceu a edição deste
      ano depois de quase trinta anos de “seca”. Veremos se isso significa um “democratizar” da
      prova ou se o Olimpyakos,agora treinado por Pedro Martins, recupera na próxima época o
      título.
      Na Suíça o panorama não é muito diferente.
      O Basileia venceu onze dos quinze últimos campeonatos(com oito vitória consecutivas entre
      2009 e 2017) com o Zurique a ganhar três e o Young Boys a vencer o deste ano depois de
      muitos anos afastado do título.
      Resta Portugal.
      Um campeonato desde sempre dominado por três clubes, com a excepção de um título para
      Belenenses e outro para Boavista, que nestes últimos anos tem sido dominado quase
      exclusivamente por Porto e Benfica que nos últimos dez anos venceram cinco títulos cada um.
      Esta época,tudo o indica, o Porto será campeão pondo fim a um ciclo de quatro vitórias do
      clube de Lisboa que ameaçava, caso conseguisse o ambicionado penta, hegemonizar o futebol
      português por muitos anos.
      Com ajudas que nada tem de desportivas e que estão agora sob investigação judicial como é
      sabido.
      Que concluir desta breve análise sobre dez campeonatos europeus?
      São várias as conclusões possíveis mas parecem-me relevantes duas que constituem, em
      simultâneo, um perigo para o futebol.
      Uma é a monotonia, que afasta espectadores e patrocinadores, que ameaça vários
      campeonatos que são sempre ganhos pelo mesmo ou pelos mesmos retirando às provas a
      incerteza do vencedor que é sempre um grande factor de atracção.
      A outra são os milhões que “chovem” no futebol em quantidades cada vez maiores mas na
      inversa proporção da limpidez das fontes de que provém e sem que os seus fins sejam claros e
      se cinjam apenas a fins desportivos.
      São esses milhões que da noite para o dia transformam clubes sem histórico ganhador em
      campeões e dominadores das respectivas provas sem terem um percurso de crescimento e
      consolidação do estatuto de candidatos que o justifique.
      Manchester City e PSG , campeões de Inglaterra e França, são hoje os exemplos mais visíveis
      desse fenómeno mas ninguém terá duvidas de que nesses campeonatos (especialmente o
      inglês)e noutros como o italiano isso também está a acontecer sem que os benefícios
      imediatos para os clubes não deem garantias de que não se vão transformar em problemas
      imensos no futuro.
      A ver vamos...Com os campeonatos nacionais a encaminharem-se para os seus desfechos, quer em termos
      de campeões e apurados para as competições europeias quer nos habituais dramas das
      descidas,torna-se interessante olhar para tendências que se vem confirmando e que em si
      encerram alguns perigos para o futebol.
      Consideremos alguns dos principais campeonatos europeus como são os casos de Inglaterra,
      Espanha, França,Itália, Alemanha, Portugal, Suíça, Holanda, Grécia e Escócia.
      E olhando para esses campeonatos o que vemos?
      Em Inglaterra o Manchester City, que antigamente não era nem de perto nem de longe
      candidato de primeira linha ao titulo, venceu com facilidade deixando o outro Manchester,
      esse sim um candidato habitual, a larga distância bem como Liverpool e Tottenham enquanto
      Arsenal e Chelsea nem para esse campeonato contaram esta época.
      Na Alemanha o Bayern acaba de conquistar o sexto titulo consecutivo, e décimo quarto nos
      últimos vinte anos, o que traduz uma superioridade impressionante sobre a concorrência e
      torna o campeonato alemão num verdadeiro passeio para os bávaros.
      Vale, apesar de tudo, que os outros campeões foram o Borússia Dortmund (três vezes), o
      Werder Bremen,Estugarda e Wolfsburgo uma vez cada, o que demonstra a existência de
      alguma diversidade apesar do sufoco imposto pelo Bayern.
      Em Itália, onde o campeão ainda não está definido mas tudo indica que a Juventus alcançará o
      seu sétimo titulo consecutivo (!!!), existe um claro domínio da equipa de Turim que assenta no
      valor próprio ,como é evidente, mas também num cada vez mais longo “apagão” de Inter e
      Milan cada vez mais arredados da luta pelo “scudetto”.
      Luta essa que tem ficado para o Nápoles, que falha nos momentos decisivos como ainda agora
      se viu indo ganhar a casa da Juventus mas logo a seguir perdendo em Florença, e para a Roma
      que nunca conseguiu verdadeiramente ameaçar o domínio da “Velha Senhora”.
      Em Espanha o panorama não é muito diferente.
      O Barcelona acaba de ganhar o sétimo campeonato em dez anos deixando a grande distância o
      Atlético de Madrid e o Real Madrid, garantindo essa conquista a cinco jornadas do fim (o que
      nunca tinha acontecido) e não tendo ainda sido derrotado na presente edição da prova.
      Para Real Madrid ficaram dois títulos e para o Atlético de Madrid um o que demonstra que o
      campeonato de Espanha (que ironia...) é cada vez mais um passeio dos catalães do Barcelona.
      Em França o PSG venceu facilmente o seu quinto titulo nos ultímos seis anos, intervalado
      apenas pela vitória do Mónaco de Leonardo Jardim na época transacta, o que demonstra bem
      uma hegemonia que começa a impor-se e sustentada ,como no caso do Manchester City, pelos
      tais milhões que repentinamente vão aparecendo no futebol sem origem bem definida.
      O campeonato da Escócia é, desde sempre, algo de sui generis.
      Há mais de trinta anos que o titulo é dividido entre Celtic e Glasgow Rangers ( o último a fugir
      a essa lógica foi o Aberdeen em 1984/1985) que são as duas grandes potências do futebol
      escocês.
      O Celtic acaba de conquistar o seu sétimo titulo consecutivo (os três anteriores tinham ido
      para o Rangers) muito por força dos problemas financeiros que afectaram o Rangers e levaram
      à sua despromoção para os escalões inferiores, de que já regressou, deixando caminho livre
      aos grandes rivais.
      Mesmo que o Rangers recupere a pujança característica a liga escocesa continuará a ser um
      campeonato a dois.
      Na Holanda o panorama é mais “arejado”.
      PSV e Ajax são os grande ganhadores mas Feyenoord, Twente e Alkmaar também venceram
      títulos nos últimos dez anos o que mostra alguma diversidade embora sem esconder o
      predomínio dos dois clubes referidos.
      Na Grécia o campeonato tem sido uma quase coutada do Olimpyakos que venceu dez dos
      últimos doze restando um para o Panathinaikos e outro para o AEK que venceu a edição deste
      ano depois de quase trinta anos de “seca”. Veremos se isso significa um “democratizar” da
      prova ou se o Olimpyakos,agora treinado por Pedro Martins, recupera na próxima época o
      título.
      Na Suíça o panorama não é muito diferente.
      O Basileia venceu onze dos quinze últimos campeonatos(com oito vitória consecutivas entre
      2009 e 2017) com o Zurique a ganhar três e o Young Boys a vencer o deste ano depois de
      muitos anos afastado do título.
      Resta Portugal.
      Um campeonato desde sempre dominado por três clubes, com a excepção de um título para
      Belenenses e outro para Boavista, que nestes últimos anos tem sido dominado quase
      exclusivamente por Porto e Benfica que nos últimos dez anos venceram cinco títulos cada um.
      Esta época,tudo o indica, o Porto será campeão pondo fim a um ciclo de quatro vitórias do
      clube de Lisboa que ameaçava, caso conseguisse o ambicionado penta, hegemonizar o futebol
      português por muitos anos.
      Com ajudas que nada tem de desportivas e que estão agora sob investigação judicial como é
      sabido.
      Que concluir desta breve análise sobre dez campeonatos europeus?
      São várias as conclusões possíveis mas parecem-me relevantes duas que constituem, em
      simultâneo, um perigo para o futebol.
      Uma é a monotonia, que afasta espectadores e patrocinadores, que ameaça vários
      campeonatos que são sempre ganhos pelo mesmo ou pelos mesmos retirando às provas a
      incerteza do vencedor que é sempre um grande factor de atracção.
      A outra são os milhões que “chovem” no futebol em quantidades cada vez maiores mas na
      inversa proporção da limpidez das fontes de que provém e sem que os seus fins sejam claros e
      se cinjam apenas a fins desportivos.
      São esses milhões que da noite para o dia transformam clubes sem histórico ganhador em
      campeões e dominadores das respectivas provas sem terem um percurso de crescimento e
      consolidação do estatuto de candidatos que o justifique.
      Manchester City e PSG , campeões de Inglaterra e França, são hoje os exemplos mais visíveis
      desse fenómeno mas ninguém terá duvidas de que nesses campeonatos (especialmente o
      inglês)e noutros como o italiano isso também está a acontecer sem que os benefícios
      imediatos para os clubes não deem garantias de que não se vão transformar em problemas
      imensos no futuro.
      A ver vamos...Com os campeonatos nacionais a encaminharem-se para os seus desfechos, quer em termos
      Com os campeonatos nacionais a encaminharem-se para os seus desfechos, quer em termos de campeões e apurados para as competições europeias, quer nos habituais dramas das descidas, torna-se interessante olhar para tendências que se vêm confirmando e que encerram em si alguns perigos para o futebol.
      Consideremos alguns dos principais campeonatos europeus como são os casos de Inglaterra, Espanha, França, Itália, Alemanha, Portugal, Suíça, Holanda, Grécia e Escócia.
      E, olhando para esses campeonatos, o que vemos?
      Em Inglaterra, o Manchester City, que antigamente não era nem de perto nem de longe candidato de primeira linha ao titulo, venceu com facilidade, deixando o outro Manchester, esse sim um candidato habitual, a larga distância, bem como Liverpool e Tottenham, enquanto Arsenal e Chelsea nem para esse campeonato contaram esta época. 
      Na Alemanha, o Bayern acaba de conquistar o sexto titulo consecutivo e décimo quarto nos últimos vinte anos, o que traduz uma superioridade impressionante sobre a concorrência e torna o campeonato alemão num verdadeiro passeio para os bávaros.
      Vale, apesar de tudo, que os outros campeões foram o Borússia Dortmund (três vezes), o Werder Bremen, Estugarda e Wolfsburgo uma vez cada, o que demonstra a existência de alguma diversidade apesar do sufoco imposto pelo Bayern.
      Em Itália, onde o campeão ainda não está definido mas tudo indica que a Juventus alcançará o seu sétimo titulo consecutivo (!!!), existe um claro domínio da equipa de Turim que assenta no valor próprio ,como é evidente, mas também num cada vez mais longo “apagão” de Inter e Milan, cada vez mais arredados da luta pelo “scudetto”.
      Luta essa que tem ficado para o Nápoles, que falha nos momentos decisivos como ainda agora se viu, com a vitória em casa da Juventus e, logo a seguir, a derrota em Florença, e para a Roma, que nunca conseguiu verdadeiramente ameaçar o domínio da “Velha Senhora”.
      Em Espanha o panorama não é muito diferente. O Barcelona acaba de ganhar o sétimo campeonato em dez anos, deixando a grande distância o Atlético de Madrid e o Real Madrid, garantindo essa conquista a cinco jornadas do fim (o que nunca tinha acontecido) e não tendo ainda sido derrotado na presente edição da prova. 
      Para Real Madrid ficaram dois títulos e para o Atlético de Madrid um, o que demonstra que o campeonato de Espanha (que ironia...) é cada vez mais um passeio dos catalães do Barcelona.
      Em França o PSG venceu facilmente o seu quinto titulo nos últimos seis anos, intervalado apenas pela vitória do Mónaco de Leonardo Jardim na época transacta, o que demonstra bem uma hegemonia que começa a ser sustentada ,como no caso do Manchester City, pelos tais milhões que repentinamente vão aparecendo no futebol sem origem bem definida.
      O campeonato da Escócia é, desde sempre, algo de sui generis.
      Há mais de trinta anos que o titulo é dividido entre Celtic e Glasgow Rangers ( o último a fugir a essa lógica foi o Aberdeen em 1984/1985), que são as duas grandes potências do futebol escocês.
      O Celtic acaba de conquistar o seu sétimo titulo consecutivo (os três anteriores tinham ido para o Rangers) muito por força dos problemas financeiros que afectaram o Rangers e levaram à sua despromoção para os escalões inferiores, de que já regressou, deixando caminho livre aos grandes rivais.
      Mesmo que o Rangers recupere a pujança característica, a liga escocesa continuará a ser um campeonato a dois.
      Na Holanda o panorama é mais “arejado”. PSV e Ajax são os grande vencedores, mas Feyenoord, Twente e Alkmaar também venceram títulos nos últimos dez anos, o que mostra alguma diversidade, embora sem esconder o predomínio dos dois clubes referidos.
      Na Grécia o campeonato tem sido uma quase coutada do Olimpyakos, que venceu dez dos últimos doze, restando um para o Panathinaikos e outro para o AEK, que venceu a edição deste ano depois de quase trinta anos de “seca”. Veremos se isso significa um “democratizar” da prova ou se o Olimpyakos, agora treinado por Pedro Martins, recupera na próxima época o título.
      Na Suíça o panorama não é muito diferente. O Basileia venceu onze dos quinze últimos campeonatos(com oito vitória consecutivas entre 2009 e 2017), com o Zurique a ganhar três e o Young Boys a vencer o deste ano, depois de muitos anos afastado do título.
      Resta Portugal.
      Um campeonato desde sempre dominado por três clubes, com a excepção de um título para Belenenses e outro para Boavista, que nestes últimos anos tem sido dominado quase exclusivamente por Porto e Benfica, que nos últimos dez anos venceram cinco títulos cada um. Esta época, tudo o indica, o Porto será campeão, pondo fim a um ciclo de quatro vitórias do clube de Lisboa, que ameaçava, caso conseguisse o ambicionado penta, hegemonizar o futebol português por muitos anos. Com ajudas que nada tem de desportivas e que estão agora sob investigação judicial como é sabido. Que concluir desta breve análise sobre dez campeonatos europeus?
      São várias as conclusões possíveis, mas parecem-me relevantes duas que constituem, em simultâneo, um perigo para o futebol. Uma é a monotonia, que afasta espectadores e patrocinadores, que ameaça vários campeonatos que são sempre ganhos pelo mesmo ou pelos mesmos, retirando às provas a incerteza do vencedor, que é sempre um grande factor de atracção.
      A outra são os milhões que “chovem” no futebol em quantidades cada vez maiores, mas na inversa proporção da limpidez das fontes de que provém e sem que os seus fins sejam claros e se cinjam apenas a fins desportivos.
      São esses milhões que da noite para o dia transformam clubes sem histórico em campeões e dominadores das respectivas provas sem terem um percurso de crescimento e consolidação do estatuto de candidatos que o justifique.
      Manchester City e PSG , campeões de Inglaterra e França, são hoje os exemplos mais visíveis desse fenómeno, mas ninguém terá duvidas de que, nesses campeonatos (especialmente o inglês) e noutros, como o italiano, isso também está a acontecer sem que os benefícios imediatos para os clubes não dêm garantias de que não se vão transformar em problemas imensos no futuro.
      A ver vamos...
      A ver vamos...Com os campeonatos nacionais a encaminharem-se para os seus desfechos, quer em termos
      de campeões e apurados para as competições europeias quer nos habituais dramas das
      descidas,torna-se interessante olhar para tendências que se vem confirmando e que em si
      encerram alguns perigos para o futebol.
      Consideremos alguns dos principais campeonatos europeus como são os casos de Inglaterra,
      Espanha, França,Itália, Alemanha, Portugal, Suíça, Holanda, Grécia e Escócia.
      E olhando para esses campeonatos o que vemos?
      Em Inglaterra o Manchester City, que antigamente não era nem de perto nem de longe
      candidato de primeira linha ao titulo, venceu com facilidade deixando o outro Manchester,
      esse sim um candidato habitual, a larga distância bem como Liverpool e Tottenham enquanto
      Arsenal e Chelsea nem para esse campeonato contaram esta época.
      Na Alemanha o Bayern acaba de conquistar o sexto titulo consecutivo, e décimo quarto nos
      últimos vinte anos, o que traduz uma superioridade impressionante sobre a concorrência e
      torna o campeonato alemão num verdadeiro passeio para os bávaros.
      Vale, apesar de tudo, que os outros campeões foram o Borússia Dortmund (três vezes), o
      Werder Bremen,Estugarda e Wolfsburgo uma vez cada, o que demonstra a existência de
      alguma diversidade apesar do sufoco imposto pelo Bayern.
      Em Itália, onde o campeão ainda não está definido mas tudo indica que a Juventus alcançará o
      seu sétimo titulo consecutivo (!!!), existe um claro domínio da equipa de Turim que assenta no
      valor próprio ,como é evidente, mas também num cada vez mais longo “apagão” de Inter e
      Milan cada vez mais arredados da luta pelo “scudetto”.
      Luta essa que tem ficado para o Nápoles, que falha nos momentos decisivos como ainda agora
      se viu indo ganhar a casa da Juventus mas logo a seguir perdendo em Florença, e para a Roma
      que nunca conseguiu verdadeiramente ameaçar o domínio da “Velha Senhora”.
      Em Espanha o panorama não é muito diferente.
      O Barcelona acaba de ganhar o sétimo campeonato em dez anos deixando a grande distância o
      Atlético de Madrid e o Real Madrid, garantindo essa conquista a cinco jornadas do fim (o que
      nunca tinha acontecido) e não tendo ainda sido derrotado na presente edição da prova.
      Para Real Madrid ficaram dois títulos e para o Atlético de Madrid um o que demonstra que o
      campeonato de Espanha (que ironia...) é cada vez mais um passeio dos catalães do Barcelona.
      Em França o PSG venceu facilmente o seu quinto titulo nos ultímos seis anos, intervalado
      apenas pela vitória do Mónaco de Leonardo Jardim na época transacta, o que demonstra bem
      uma hegemonia que começa a impor-se e sustentada ,como no caso do Manchester City, pelos
      tais milhões que repentinamente vão aparecendo no futebol sem origem bem definida.
      O campeonato da Escócia é, desde sempre, algo de sui generis.
      Há mais de trinta anos que o titulo é dividido entre Celtic e Glasgow Rangers ( o último a fugir
      a essa lógica foi o Aberdeen em 1984/1985) que são as duas grandes potências do futebol
      escocês.
      O Celtic acaba de conquistar o seu sétimo titulo consecutivo (os três anteriores tinham ido
      para o Rangers) muito por força dos problemas financeiros que afectaram o Rangers e levaram
      à sua despromoção para os escalões inferiores, de que já regressou, deixando caminho livre
      aos grandes rivais.
       
      Mesmo que o Rangers recupere a pujança característica a liga escocesa continuará a ser um
      campeonato a dois.
      Na Holanda o panorama é mais “arejado”.
      PSV e Ajax são os grande ganhadores mas Feyenoord, Twente e Alkmaar também venceram
      títulos nos últimos dez anos o que mostra alguma diversidade embora sem esconder o
      predomínio dos dois clubes referidos.
      Na Grécia o campeonato tem sido uma quase coutada do Olimpyakos que venceu dez dos
      últimos doze restando um para o Panathinaikos e outro para o AEK que venceu a edição deste
      ano depois de quase trinta anos de “seca”. Veremos se isso significa um “democratizar” da
      prova ou se o Olimpyakos,agora treinado por Pedro Martins, recupera na próxima época o
      título.
      Na Suíça o panorama não é muito diferente.
      O Basileia venceu onze dos quinze últimos campeonatos(com oito vitória consecutivas entre
      2009 e 2017) com o Zurique a ganhar três e o Young Boys a vencer o deste ano depois de
      muitos anos afastado do título.
      Resta Portugal.
      Um campeonato desde sempre dominado por três clubes, com a excepção de um título para
      Belenenses e outro para Boavista, que nestes últimos anos tem sido dominado quase
      exclusivamente por Porto e Benfica que nos últimos dez anos venceram cinco títulos cada um.
      Esta época,tudo o indica, o Porto será campeão pondo fim a um ciclo de quatro vitórias do
      clube de Lisboa que ameaçava, caso conseguisse o ambicionado penta, hegemonizar o futebol
      português por muitos anos.
      Com ajudas que nada tem de desportivas e que estão agora sob investigação judicial como é
      sabido.
      Que concluir desta breve análise sobre dez campeonatos europeus?
      São várias as conclusões possíveis mas parecem-me relevantes duas que constituem, em
      simultâneo, um perigo para o futebol.
      Uma é a monotonia, que afasta espectadores e patrocinadores, que ameaça vários
      campeonatos que são sempre ganhos pelo mesmo ou pelos mesmos retirando às provas a
      incerteza do vencedor que é sempre um grande factor de atracção.
      A outra são os milhões que “chovem” no futebol em quantidades cada vez maiores mas na
      inversa proporção da limpidez das fontes de que provém e sem que os seus fins sejam claros e
      se cinjam apenas a fins desportivos.
      São esses milhões que da noite para o dia transformam clubes sem histórico ganhador em
      campeões e dominadores das respectivas provas sem terem um percurso de crescimento e
      consolidação do estatuto de candidatos que o justifique.
      Manchester City e PSG , campeões de Inglaterra e França, são hoje os exemplos mais visíveis
      desse fenómeno mas ninguém terá duvidas de que nesses campeonatos (especialmente o
      inglês)e noutros como o italiano isso também está a acontecer sem que os benefícios
      imediatos para os clubes não deem garantias de que não se vão transformar em problemas
      imensos no futuro.
      A ver vamos...


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