Realizou-se na passada segunda-feira pelas 20h o primeiro treino da equipa de futebol sénior do Belenenses. Mais do que um mero ensaio para inaugurar a temporada, a ocasião serviu, acima de tudo, para dar o pontapé de saída de uma nova era no Estádio do Restelo.
Os sócios e simpatizantes estiveram à altura do acontecimento. A bancada inferior poente esteve longe de estar “a abarrotar”, é certo; mas não será arriscado apontar, à falta de números oficiais, que estiveram umas boas centenas a dar as boas-vindas à equipa. E se o número de adeptos já foi assim a uma segunda-feira à noite em pleno agosto, cresce a expetativa para quando recebermos o Atlético em setembro, num domingo à tarde, no jogo de apresentação.
O treino, dizia eu no início, foi, portanto, o primeiro dia do resto das nossas vidas. Do lado das bancadas, sentiu-se particularmente este novo ambiente. Os sócios chegaram bem antes das 20h e a espera pelos jogadores foi feita de abraços, cumprimentos e matar de saudades. O que pode ter faltado em adeptos, sobrou em sorrisos e alegrias; e a emoção de algumas pessoas em regressar ao estádio foi notória. A Fúria Azul, claque do clube, também não poupou no apoio: entre novas tarjas e cânticos, mostrou-se comprometida em apoiar a equipa ao longo desta caminhada.
O ponto alto da noite foi a subida dos jogadores ao relvado, brindados com cachecóis ao alto, vozes em uníssono e fortes aplausos. Após retribuir os aplausos ao público presente e uma sessão de fotos rápida, o plantel seguiu para o meio campo para receber as ordens do treinador Nuno Oliveira, e arrancava assim o treino. Chegava o momento de conhecer as novas caras do clube.
Ainda que de somente uma noite de treino seja impossível retirar grandes conclusões, não deixou de haver alguns jogadores a deixar bons apontamentos. A título de exemplo, o guarda-redes Tomás Foles apresentou (ou melhor, confirmou, ou não tivesse sido já vice-campeão de juniores pelo Belenenses há duas épocas) algumas caraterísticas essenciais num bom guardião, como segurança entre os postes e reflexos rápidos em remates à queima roupa. E de notar ainda uma grande atitude na entrada de campo, sendo ele a liderar os colegas no momento de se dirigirem à bancada para saudarem os sócios. Se for um dos capitães de equipa, a braçadeira estará muito bem entregue.
Quanto aos jogadores que nunca cumpriram qualquer ano de formação no Belenenses e que chegaram este ano pela primeira vez ao Restelo, o meu destaque vai para Evandro Barros. A primeira imagem com que fiquei do lateral direito é bastante positiva, e destaco sobretudo a sua garra na disputa dos lances: não dá um lance por perdia, faz uso da sua força para ganhar a bola e sabe conduzi-la o máximo que consegue até à linha para tirar um cruzamento. Alguns passes rasteiros para a área indicam também boa visão de jogo, mas isso logo se confirmará em outros treinos.
Uma última palavra para Nuno Oliveira. O nome escolhido para orientar o futuro do clube mostra uma postura de liderança notável e montou uma sessão de treino muito dinâmica, aprazível para quem assistiu e intensa para o plantel. Tem diante de si um grupo de jogadores jovens (média de idades a rondar os 23 anos), mas, pela forma como lhes fala e os comanda nos exercícios, é evidente que os vai treinar seriamente, como se de uma equipa de primeira divisão se tratasse.
Com este espírito e esta vontade, o Belenenses voltará mesmo a ser uma equipa de primeira, mais tarde ou mais cedo. Mas até lá, ainda faltam muitos treinos e muitos, muitos jogos. Que se façam um passo de cada vez, e sempre com o ambiente de segunda-feira nas bancadas.